Novo Ensino Médio no Brasil
16 | ago | 2022A discussão e o replanejamento a respeito da estrutura do Ensino Médio no Brasil, que chega ao que temos chamado de Novo Ensino Médio, vêm se construindo há cerca de dez anos.
Em 2013, o projeto de lei 6.840, do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), apresentava a ideia de um Ensino Médio em tempo integral e organizado por áreas do conhecimento. A partir daí, nasceu o Movimento pela Base Nacional Comum – grupo de pessoas apartidárias, de diferentes áreas da educação, dedicadas à construção do que viria a ser chamado de BNCC.
Desde então, tivemos a implementação de leis e portarias que culminaram em incorporar o Ensino Médio à Educação Básica obrigatória e abrir a documentação da BNCC para o recolhimento de comentários e sugestões. Entre 2016 e 2017, foram retomados com maior ênfase, então, os trabalhos para a reformulação do currículo do Ensino Médio. Assim, hoje chega a nós a proposta de um Ensino Médio com carga horária estendida, permeada de eletivas, com a proposta de desenvolvimento de um projeto de vida e foco na aproximação do estudante do mercado de trabalho.
(O Novo Ensino Médio busca se aproximar mais ao perfil dos estudantes, possibilitando que eles façam escolhas significativas para suas trajetórias profissionais e tenham mais oportunidades para expressarem seus gostos e interesses)
Em meio às mudanças que passaram a ser implementadas a partir deste ano de 2022, nos deparamos com um mar de dúvidas e incertezas. Aqui estão algumas dessas perguntas mais frequentes que têm surgido entre educadores e gestores de todo o Brasil:
1) Se o Ensino Médio muda, o vestibular também muda?
2) Como fica a nova carga horária para o Ensino Médio?
3) Quais Componentes curriculares são obrigatórios? Quais são eletivas?
4) Como está organizada a estrutura dos itinerários formativos?
5) Como as tecnologias digitais são vistas na perspectiva do Novo Ensino Médio?
6) É possível haver eletivas especificamente voltadas para tecnologias digitais?
7) Como a Apple e a Sincroniza podem me ajudar na organização de meu Novo Ensino Médio?
1) Se o Ensino Médio muda, o vestibular também muda?
Essa é uma decisão a ser formalmente tomada pelas universidades apenas em 2024, quando teremos a primeira turma de formandos saída dessa nova estrutura de Ensino Médio. Em função disso, muitas instituições ainda não se manifestaram sobre o assunto. Contudo, o MEC já se declarou em relação ao Enem e adiantou que pretende trabalhar com duas provas – uma mais relacionada aos conteúdos obrigatórios e a outra alinhada com os itinerários formativos. Além disso, podemos esperar diminuição na quantidade de questões objetivas e aumento de questões dissertativas.
2) Como fica a nova carga horária para o Ensino Médio?
A proposta é que haja uma ampliação progressiva da carga horária para os estudantes. Aqueles que ingressaram no Ensino Médio em 2022 deverão ter acesso a 3000 horas de curso até o final de 2024, quando concluírem essa etapa. Além disso, ainda sem prazo definido para sua real contemplação, espera-se que as Unidades Federativas formulem currículos estaduais cada vez mais robustos a partir dos próximos anos, avançando a carga horária total de seus cursos para 4200 horas – uma média de 1400 horas por ano.
3) Quais componentes curriculares são obrigatórios? Quais são eletivas?
Todo o conteúdo elencado na BNCC é obrigatório, buscando garantir que, ao final do Ensino Médio, o estudante tenha desenvolvido todas as habilidades e competências ali assinaladas – o que significa que as avaliações escolares devem ser pautadas nas competências específicas de cada componente curricular. A diferença é que os componentes como conhecemos podem estar agora reorganizados nas quatro áreas do conhecimento:
Linguagens e suas tecnologias;
Matemática e suas tecnologias;
Ciências da natureza e suas tecnologias;
Ciências humanas e sociais aplicadas
A distribuição e a frequência com que cada área é abordada pode ficar a cargo da escola ou do currículo estadual adotado, com as únicas exceções para Língua Portuguesa e Matemática, que devem estar sempre presentes na grade.
Além desses componentes curriculares, as escolas devem oferecer a matéria Projeto de Vida, com o intuito de auxiliar os estudantes a tomar decisões que vão impactar seu futuro profissional e sua vida pessoal e social. Os detalhes dessa implementação ficam a cargo de cada escola, sem estipulação de carga horária mínima ou ano letivo exato – escolas que preferirem podem, inclusive, trazer esse projeto para o Ensino Fundamental.
A respeito das eletivas, a recomendação é que a maior parte delas esteja organizada em itinerários formativos que, na hora de serem planejados, devem considerar:
a) As demandas e necessidades do mundo contemporâneo
b) Interesses, aptidões e perspectivas de futuro dos estudantes
c) O contexto local
d) A capacidade física e técnica das redes e escolas
Algumas recomendações importantes ainda são: garantir a oferta de mais de um itinerário formativo e garantir que o estudante possa cursar ao menos dois itinerários formativos de modo concomitante ou sequencial.
A escola pode ter ainda eletivas que não estejam inseridas nos itinerários formativos, mas que podem ser complementares a tais itinerários. E é possível ainda que a escola busque parceria com outras instituições para o enriquecimento de todo o conteúdo eletivo.
4) Como está organizada a estrutura dos itinerários formativos?
Há três maneiras possíveis de uma escola pensar seus itinerários formativos:
Por área de conhecimento: pensados como um aprofundamento dos componentes curriculares obrigatórios
Formação técnica e profissional: itinerários voltados para o mercado de trabalho
Integração de conhecimentos: uma abordagem que visa integrar áreas de conhecimento, podendo inclusive incluir uma abordagem mais profissionalizante
Além dessas possíveis maneiras de pensar os itinerários formativos, é fundamental que eles sejam pensados em torno de ao menos um dos seguintes eixos estruturantes: Investigação Científica, Mediação e Intervenção Sociocultural, Processos Criativos ou Empreendedorismo. Idealmente, os itinerários devem buscar abraçar esses quatro eixos.
5) Como as tecnologias digitais são vistas na perspectiva do Novo Ensino Médio?
Dentro das expectativas de aprendizagem e competências da BNCC, aplicadas ao Novo Ensino Médio, a tecnologia é um recurso para criação e solução de problemas, e deve estar presente em todos os componentes curriculares. Além da criação de apresentações e documentos de texto, que já eram práticas comuns em algumas escolas, agora os estudantes devem ser capazes de desenvolver programas simples e gerar peças de comunicação em diversos formatos de mídia, incluindo vídeos, arte digital e podcasts.
6) É possível haver eletivas especificamente voltadas para tecnologias digitais?
Sim. Apesar de a BNCC descrever um cenário em que todos os componentes curriculares obrigatórios devem fazer utilização completa das tecnologias digitais, não é exigido pleno domínio por parte de todos os professores. A escola pode se organizar de maneira a escolher alguns docentes mais fluentes em tecnologia digital para encabeçar eletivas sobre programação, design e cinema, por exemplo, e assegurar que, nos componentes curriculares obrigatórios, haja a proposta de trabalhos em que os estudantes empreguem essas habilidades.
7) Como a Apple e a Sincroniza podem me ajudar na organização de meu Novo Ensino Médio?
A Apple oferece currículos de programação e de criatividade já alinhados com as demandas necessárias para a elaboração dos itinerários formativos e das possibilidades de eletivas. Esses currículos podem ser seguidos literalmente ou adaptados conforme as necessidades da escola.
Adicionalmente, a Sincroniza pode oferecer um atendimento personalizado para ajudar na elaboração dos itinerários formativos, integrando atividades práticas com foco no estudante, elementos de Diferenciação Pedagógica, de metodologias ativas e todo o suporte para implementação pedagógica de tecnologia. É possível saber mais sobre os serviços da Sincroniza em nossa home page.
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Referências
APPLE INC. Criatividade para todos. 2022. Disponível em: https://www.apple.com/br/education/k12/everyone-can-create/. Acesso em: 25 jul. 2022.
APPLE INC. Programação para todos. 2022. Disponível em: <https://books.apple.com/br/book-series/programação-para-todos/id1488566706>. Acesso em: 25 jul. 2022.
G1 EDUCAÇÃO. Luiza Tenente. Entenda o que é ‘Projeto de Vida’, componente obrigatório do novo ensino médio a partir deste ano. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/2022/01/12/o-que-e-projeto-de-vida-novo-ensino-medio.ghtml>. Acesso em: 23 jul. 2022.
NEXO POLÍTICAS PÚBLICAS. Centro de Pesquisa Transdisciplinar em Educação (CPTE). A Trajetória do Novo Ensino Médio. 2020. Disponível em: <https://pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2020/A-trajet%C3%B3ria-do-Novo-Ensino-M%C3%A9dio>. Acesso em: 23 jul. 2022.
PORVIR. Novo Ensino Médio: entenda os itinerários formativos. 2019. Disponível em: <https://porvir.org/novo-ensino-medio-entenda-os-itinerarios-formativos/>. Acesso em: 24 jul. 2022.
SÃO PAULO. Governo do Estado. Guia de implementação: Ensino Médio de São Paulo. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, 2022. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/18iwy0y257VueAJlSNbotDiUg94sc_WCQ/view>. Acesso em: 25 jul. 2022.
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